Idade da Mulher e Infertilidade: saiba mais
A informação de que a idade da mulher afeta a fertilidade é bastante difundida, mas sempre recebo em meu consultório mulheres e também homens que querem saber mais sobre isso. Apenas falar que a idade afeta a fertilidade não é suficiente, até porque há condições que podem alterar essa relação.
Acompanhe-me na leitura e saiba um pouco mais sobre esse assunto, tão importante hoje, que a mulher tem outras prioridades e deixa para engravidar mais tarde.
Enquanto nos séculos passados o papel da mulher na sociedade era formar uma família e cuidar da casa e do marido, atualmente elas querem estudar, crescer na carreira, alcançar sua independência, viajar. E como um filho gera muita responsabilidade e consome muito tempo, principalmente das mães, considerando o período da gestação, amamentação, etc., a protelação da gravidez se torna cada dia mais comum.
Socialmente, não há problema nenhum em deixar essa realização para o futuro. Porém, o famoso “relógio biológico” é uma realidade e, por isso, é fundamental ter informações para tomar essa decisão de forma totalmente consciente.
Para entender qual a relação entre idade e infertilidade feminina, e para saber o que fazer para ter controle sobre essa situação, continue a leitura.
A infertilidade feminina e suas causas
Diversos fatores podem causar a infertilidade feminina, e qualquer alteração no sistema reprodutor pode ter um grande impacto e impedir ou dificultar uma gravidez. Entre esses fatores estão os problemas hormonais, algumas doenças, além de problemas no útero ou nos ovários.
Ou seja, grande parte das causas da infertilidade estão relacionadas a um problema, algo que não está funcionando como deveria.
Porém, há um caso específico que não tem relação direta com a saúde feminina: a idade. Isso significa que, por mais saudável que a mulher seja e mesmo que seu organismo esteja em perfeito funcionamento, depois de determinada idade, há uma grande dificuldade ou mesmo a impossibilidade de engravidar.
Idade x infertilidade feminina
Pode-se dizer que a fertilidade feminina é determinada pelo número e qualidade de óvulos que a mulher possui, sua reserva ovariana. Todas já nascem com o número total de gametas que estarão disponíveis por toda a sua vida, e a cada ciclo menstrual essa quantidade diminui. Isso significa que o organismo feminino não produz mais óvulos após seu nascimento, e que, quanto mais velha a mulher for, menor a sua reserva ovariana e, consequentemente, sua fertilidade.
A queda do número de gametas acontece todos os meses, mesmo que a mulher não chegue a menstruar. Por volta dos 35 anos, a queda passa a ser ainda mais brusca e a diminuição acontece até que não se tenha mais nenhum óvulo.
Esta é a menopausa, quando a mulher para de menstruar e se torna impossível ter um filho de forma natural, mas isso ocorre apenas aos 50 anos aproximadamente. Um fator interessante é que existem estudos que mostram que a fertilidade natural acaba aproximadamente 10 anos antes da idade da menopausa. Por isso, apesar de que a gestação possa acontecer de forma espontânea, a partir dos 40 anos, pode ser especialmente difícil.
Este é o principal fator que faz com que a idade seja tão importante para a fertilidade feminina, mas há outra condição que também está relacionada a isso. Como os óvulos nascem junto com a mulher, eles envelhecem junto com ela. Ou seja, depois de determinada idade, além da baixa reserva ovariana, os óvulos restantes têm menos qualidade. Isso faz com que a fecundação se torne mais difícil.
A idade também interfere na fertilidade masculina, mas de forma bem diferente. O homem produz espermatozoides durante toda a sua vida, havendo apenas uma redução da qualidade dos gametas ao longo do tempo.
Infertilidade e técnicas de reprodução assistida
Atualmente existem técnicas que podem ajudar as mulheres a engravidar com uma idade mais avançada, embora o limite de utilização de técnicas de reprodução assistida seja 50 anos para as mulheres devido à fragilidade que se segue à menopausa.
Preservação social da fertilidade
A preservação social da fertilidade é um procedimento muito indicado para as mulheres mais jovens, que ainda têm uma boa reserva ovariana, com óvulos saudáveis. No entanto, a técnica pode ser utilizada por qualquer mulher que ainda tenha planos de engravidar, mas ainda queira protelar.
Após realizar testes de reserva ovariana, hormonais e outros exames, é feita a estimulação ovariana para que um número maior de folículos se desenvolva. Quando eles já estiverem maduros, é feita uma punção para coletar o líquido folicular, no qual o óvulo se desenvolve. O líquido é enviado ao laboratório para identificação e coleta dos óvulos no líquido. Esses óvulos podem ser utilizados a fresco na fertilização in vitro ou congelados para fins de preservação.
A criopreservação é uma técnica que consiste no congelamento dos óvulos, mas também pode ser feita com espermatozoides e com embriões já fecundados.
A vantagem deste procedimento é que ele preserva a qualidade dos óvulos, ou seja, se o congelamento é feito quando a mulher tem 25 anos, independentemente de quanto tempo depois ela decidir usá-los, eles ainda terão a mesma qualidade dos 25 anos.
Os óvulos criopreservados podem ser usados futuramente para a realização da técnica conhecida como FIV (fertilização in vitro).
Fertilização in vitro
A FIV é a técnica de reprodução assistida com maior taxa de sucesso e a mais indicada para mulheres inférteis pelo fator idade. A realização da FIV se dá pela fecundação do embrião em laboratório, e sua posterior transferência para o útero.
O óvulo utilizado pode ser coletado da mulher especificamente para este procedimento ou pode ser criopreservado para uso futuro. Caso nenhuma das duas opções seja possível, o casal pode optar pela ovodoação.
Ovodoação
A ovodoação consiste na doação de óvulos para uma pessoa desconhecida. No caso de mulheres que não conseguem engravidar por causa da baixa reserva ovariana e que não fizeram a preservação social da fertilidade, é possível utilizar os óvulos de outra mulher.
Esses óvulos são fecundados pelos espermatozoides do companheiro na FIV. A fecundação é feita em laboratório e o embrião é transferido para o útero para que a gestação possa acontecer normalmente.
Todo o procedimento da ovodoação é anônimo, ou seja, o casal não sabe quem é a mulher doadora, que, por sua vez, não sabe que são as pessoas que receberão seus óvulos.
Esses são os principais procedimentos para possibilitar a gestação de mulheres em idade avançada. Se este conteúdo foi útil, continue aqui no site e leia mais sobre a infertilidade feminina.