Hatching assistido
Para o embrião implantar no endométrio, camada interna do útero, ele deve romper a zona pelúcida, película que o envolve nos primeiros dias de vida. O processo é conhecido como hatching ou eclosão.
Em algumas situações, entretanto, a zona pelúcida pode ser mais densa ou espessa, resultando em dificuldades para rompê-la, provocando falhas na implantação.
O hatching assistido, uma das técnicas complementares ao tratamento por FIV (fertilização in vitro), promove a criação de aberturas na zona pelúcida, como fendas ou buracos, para facilitar a eclosão do embrião.
Este artigo explica o funcionamento do hatching assistido, destaca os casos em que a técnica é indicada e os possíveis riscos associados a ela.
Como o hatching assistido funciona?
A zona pelúcida é fundamental para manutenção do embrião em formação. É uma matriz acelular composta por glicoproteínas, carboidratos e proteína, que naturalmente degenera na gestação natural para que possa ocorrer a implantação do embrião, entre o quinto e sexto dia após a fecundação, fase conhecida como blastocisto. Ou seja, não é necessário nenhum tipo de pressão pelo embrião para a eclosão ocorrer.
Ao mesmo tempo que a espessura dela reduz em preparação para a implantação, as células que vão originar a placenta interagem com o endométrio para receber o embrião.
A dificuldade de o embrião romper a zona pelúcida é um dos possíveis fatores que levam à falha de implantação nos tratamentos por FIV. Por isso, nos casos em que os embriões estão envolvidos por uma película mais espessa ou densa, o hatching assistido é realizado.
O procedimento é realizado em laboratório, quando as aberturas artificiais são criadas a partir de diferentes técnicas para facilitar a eclosão. No entanto, a mais utilizada atualmente por apresentar melhores resultados é a tecnologia à laser, embora as aberturas também possam ser feitas mecanicamente, com o auxílio de uma agulha, ou por produtos químicos, como o ácido acético.
O desenvolvimento da técnica minimizou as falhas de implantação, aumentando, consequentemente, as de sucesso gestacional.
Em quais casos o hatching assistido é indicado?
Algumas clínicas realizam o hatching assistido para todos os casais que realizam a FIV, porém as principais indicações são:
- Para embriões de mulheres acima de 38 anos, quando ocorre um espessamento natural da zona pelúcida;
- Se a gravidez não for bem-sucedida em pelo menos dois ciclos consecutivos de tratamento;
- Nos casos em que há má qualidade embrionária;
- Para transferência de embriões congelados, que podem ter dificuldades no processo de eclosão;
Para facilitar a análise das células embrionárias, quando há necessidade de realizar o teste genético pré-implantacional (PGT), outra técnica complementar à FIV: os resultados são mais precisos se as células forem analisadas a partir da eclosão.
O PGT analisa as células do embrião, possibilitando a detecção de doenças genéticas ou anormalidade cromossômicas, selecionando apenas os saudáveis para serem transferidos. O teste é a única forma de evitar a transmissão de doenças genéticas para os filhos, assim como, ao detectar anormalidades cromossômicas como a aneuploidia, também diminui os percentuais de falhas na implantação embrionária.
De acordo com diferentes estudos, a eclosão assistida contribuiu para elevar as taxas de implantação e gravidez em mulheres acima de 38 anos, em mulheres com falha recorrente de implantação, independentemente da idade e após a transferência de embriões congelados.
Há riscos na realização do hatching assistido?
O hatching assistido não compromete a qualidade do embrião ou mesmo provoca danos que impeçam a sua utilização. Além disso, em diversos casos, é possível a obtenção da gravidez apenas a partir da realização do procedimento.
Pode causar condições como a pré-eclâmpsia, por exemplo, quando há elevação da pressão arterial durante a gravidez, diabetes gestacional, parto prematuro e recém-nascidos com baixo peso.