Espermograma
O espermograma é o primeiro exame solicitado quando há suspeita de infertilidade masculina.
Ele possibilita avaliar a quantidade e qualidade do sêmen liberado pela ejaculação, além de analisar os espermatozoides em movimento presentes nas amostras, possibilitando a indicação de critérios como motilidade, morfologia e concentração.
O exame é importante para auxiliar nos diagnósticos de pacientes submetidos aos tratamentos de reprodução assistida, da mesma forma que é realizado para confirmar o sucesso da cirurgia para esterilização masculina (vasectomia) ou a reversão do procedimento (reversão da vasectomia) e para detectar alguns tipos de doenças urológicas.
Este texto explica o funcionamento do espermograma. Aborda os resultados diagnósticos proporcionados por ele e o tratamento de reprodução assistida mais adequado quando há comprovação de infertilidade.
Como o espermograma funciona?
Como a contagem de espermatozoides sofre uma variação diária, podem ser analisadas duas ou três amostras de sêmen, durante dois meses. As amostras são coletadas por masturbação em recipientes apropriados.
Os espermatozoides são formados durante um processo chamado espermatogênese, que pode sofrer interferência de diversos fatores, resultando em alterações na produção e na morfologia ou motilidades dos gametas, dificultando ou impedindo que a fecundação ocorra.
Processos infecciosos, por exemplo, causados geralmente por bactérias, incluindo as sexualmente transmissíveis, como Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae, podem alterar a produção e motilidade dos gametas masculinos, ou estimular uma reação autoimune e a formação de anticorpos antiespermatozoides, levando a uma redução da qualidade espermática.
O espermograma avalia critérios como concentração dos espermatozoides presentes nas amostras, demonstrando percentualmente os que possuem motilidade espermática, ou seja, se movimentam normalmente, e estrutura celular normal (morfologia), além de indicar volume e qualidade seminal.
Importante saber que o espermograma não é um exame que diz se o homem é fértil ou infértil.
Um homem com exame alterado pode ter uma gestação espontânea, assim como ter um exame com todos os parâmetros dentro dos valores de referência não indica que o casal vai conseguir a gravidez.
O exame deve ser solicitado para casais com infertilidade e são utilizados critérios para definir qual o melhor tipo de tratamento. Veja os principais critérios analisados pelo exame:
Análise dos gametas
- Concentração e contagem: analisa o número de espermatozoides por volume de sêmen e o número total de gametas presentes nas amostras;
- Motilidade dos espermatozoides: analisa a capacidade de movimento, vigor e direção;
- Morfologia dos espermatozoides: a partir da análise de tamanho e forma (morfologia), determina o percentual de espermatozoides normais e anormais;
- Número de espermatozoides imaturos.
Análise do sêmen
- Volume do sêmen;
- Viscosidade (consistência);
- Frutose (açúcar presente no sêmen, que fornece energia para os gametas);
- pH (acidez);
- Coagulação e liquefação – rapidez com que o sêmen passa da consistência mais espessa para a líquida;
- Além disso, aponta a presença de glóbulos brancos no sêmen, que indica a possibilidade de infecção.
Resultados proporcionados pelo espermograma
A análise das amostras pode proporcionar os seguintes resultados:
- Azoospermia: quando não há presença de espermatozoides nas amostras analisadas;
- Oligozoospermia: se houver baixa concentração de espermatozoides;
- Teratozoospermia: indica percentualmente espermatozoides com morfologia anormal;
- Astenozoospermia: indica percentualmente os espermatozoides com diminuição da motilidade;
- Criptozoospermia: quando a presença de espermatozoides individuais no sêmen ejaculado após a centrifugação é rara.
A abordagem terapêutica mais adequada em cada caso é indicada com base nos resultados apontados pelo espermograma.
Tratamentos de reprodução assistida indicados para a infertilidade masculina
Nos casos em que os resultados indicam apenas pequenas alterações na motilidade ou morfologia dos gametas masculinos, o tratamento pode ser realizado por inseminação artificial (IA).
A técnica é ainda adequada para homens com problemas na função sexual, como disfunção erétil (dificuldades em ter ou manter a ereção), ou quando os volumes ejaculados são baixos.
O tratamento padrão para infertilidade masculina provocada por fatores mais graves, incluindo a azoospermia, considerada uma das principais causas de infertilidade masculina, é a FIV (fertilização in vitro) com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).
Na FIV com ICSI, testes complementares que permitem detectar problemas que o espermograma não consegue também são realizados. Entre eles, o teste de fragmentação do DNA espermático.
Danos no DNA dos gametas masculinos podem levar a falhas na implantação do embrião e abortamento, consequentemente, à infertilidade masculina.
No procedimento, os gametas masculinos com melhor motilidade e morfologia são selecionados por técnicas de preparo seminal. Caso não haja gametas no sêmen, há técnicas cirúrgicas que possibilitam a retirada diretamente dos epidídimos ou dos testículos.