Teste ERA
Técnica complementar ao tratamento por FIV (fertilização in vitro), o teste ERA é uma ferramenta molecular que realiza por NGS (next generation sequencing ou sequenciamento de nova geração), o sequenciamento genético de mais de 200 genes relacionados ao estado de receptividade endometrial.
O ERA contribuiu para reduzir os percentuais de falhas na implantação do embrião, um dos principais fatores para o insucesso da FIV.
Este artigo explica o funcionamento do teste na FIV e destaca os casos em que ele é indicado.
Em quais casos o teste ERA é indicado?
O ERA é principalmente indicado para pacientes com histórico de falha de implantação repetida (RIF) na FIV, caracterizada pelo resultado negativo do tratamento após transferência de 4 embriões, ainda que os embriões tenham boa qualidade, assim como pode ocorrer em mulheres com útero morfologicamente normal e espessura endometrial adequada.
Diversas condições podem alterar a receptividade endometrial, levando a falhas, incluindo anormalidades uterinas, como o endométrio fino, ou cromossômicas, como a aneuploidia. Defeitos espermáticos e fatores imunológicos também provocam riscos para a implantação ser malsucedida.
Como o teste ERA funciona na FIV?
O endométrio é responsável por abrigar e nutrir o embrião até que a placenta seja formada. Dessa forma, a receptividade endometrial é fundamental para o desenvolvimento da gravidez, período chamado ‘janela de implantação’.
A ação dos medicamentos hormonais utilizados na estimulação ovariana, uma das etapas mais importantes da FIV, que tem como objetivo estimular o desenvolvimento de uma quantidade maior de folículos para obter mais óvulos maduros, pode interferir no ciclo endometrial, provocando uma variação no período de receptividade.
Por isso, na FIV, o teste ERA é realizado antes de o embrião ser transferido para o útero materno.
Para realizar a análise, são coletadas amostras das células endometriais por punção. O resultado é disponibilizado em cerca de 15 dias, possibilitando a definição do melhor período para que a transferência ocorra. Até a obtenção do resultado, o embrião é congelado.
Quando o ERA indica um resultado receptivo, a transferência pode ser programada para o próximo ciclo de tratamento, no período determinado pelo teste. Já um resultado não receptivo sugere um deslocamento da janela de implantação. Nesse caso, novas células podem ser coletadas e uma nova análise é realizada.
O embrião pode ser transferido para o útero em dois estágios de desenvolvimento de acordo com cada caso: D3 ou blastocisto. Em D3, o embrião tem 3 dias de desenvolvimento. Em blastocisto, 5.
Embora atualmente a principal opção seja a transferência em blastocisto, por proporcionar diversas vantagens, a transferência em D3 ainda permanece como alternativa, principalmente se um número menor de embriões for formado ou se a qualidade for menor. Nesse caso, a transferência deve ser feita dois dias antes do período apontado pelo ERA.
Os resultados proporcionados pelo teste aumentaram significativamente as taxas de gravidez na FIV em casos específicos, inclusive as de pacientes com prognósticos ruins, como idade materna avançada ou histórico de abortamentos recorrentes.
Porém, embora o teste também possa ser realizado quando o endométrio não atinge a espessura ideal (endométrio atrófico), os índices estão relacionados a resultados de pacientes com o útero e espessura endometrial normais.
Por outro lado, o teste não está indicado para todas as pacientes e a conversa com o especialista é fundamental para entender quando realizá-lo.
A FIV é considerada atualmente a principal técnica de reprodução assistida e a que apresenta os percentuais mais expressivos de gravidez bem-sucedida por ciclo de realização.