Doação de Embriões
A doação de embriões é uma das técnicas complementares à FIV (fertilização in vitro).
É uma opção importante para concretizar os planos de gravidez quando não é possível engravidar com gametas próprios (óvulos ou espermatozoides), assim como é indicada quando há suspeita ou confirmação de doenças genéticas, evitando a transmissão para as futuras gerações.
Após a ampliação das regras pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que regulamenta a reprodução assistida no Brasil, tornou-se, da mesma forma, uma opção importante para casais homoafetivos e para mulheres solteiras que desejam uma gravidez independente.
No entanto, como a doação de gametas, a doação de embriões deve ser anônima e não pode ter caráter lucrativo.
Entenda como funciona a doação de embriões e saiba quais são as regras nacionais que regulamentam o procedimento.
Funcionamento da doação de embriões
Entre os avanços que ocorreram na FIV nas últimas décadas, está a cultura estendida do embrião, que se tornou possível com as novas tecnologias laboratoriais e a melhora na qualidade dos meios de cultura.
Atualmente, os embriões podem ser cultivados por até cinco ou seis dias em laboratório, fase conhecida como blastocisto, em que já há mais diferenciação e divisão celular.
Antes de serem congelados, na fase de blastocisto as células embrionárias podem ser analisadas pelo teste genético pré-implantacional (PGT), técnica complementar à FIV.
O PGT é uma ferramenta que possibilita a análise de milhares de pequenos fragmentos de DNA, possibilitando a detecção de doenças genéticas ou anormalidades cromossômicas, que, além de transmitidas, podem ainda ocorrer por erros de divisão celular. Dessa forma, apenas os embriões mais saudáveis são congelados.
Os embriões que não são transferidos para o útero no próximo ciclo de tratamento permanecem congelados para utilização no futuro, ou podem ser doados.
De acordo com as regras do CFM, por exemplo, após três anos de congelamento, se não houver a intenção de usá-los, podem ser descartados, ao mesmo tempo que a doação se tornou opção.
A alternativa é importante para pessoas que não conseguiram engravidar com gametas próprios e que podiam apenas contar com a adoção.
Assim como óvulos e espermatozoides doados, os embriões também podem ser selecionados de acordo com as características biológicas do casal, ou da mãe, quando o objetivo é uma gravidez independente.
Após a seleção, a mulher que irá gerar a criança é submetida a diferentes exames de imagem para confirmar a saúde dos órgãos reprodutores e a capacidade de sustentar a gravidez.
Em alguns casos, pode ser necessária a administração de medicamentos hormonais com o propósito de garantir melhor receptividade endometrial, imprescindível para a implantação ser bem-sucedida e, consequentemente, para o desenvolvimento da gravidez.
Antes de serem transferidos, os embriões são descongelados. A transferência é um procedimento simples, realizado na própria clínica de reprodução assistida, na maioria das vezes com a mulher sem necessidade de sedação.
Depois de 9 dias, a gravidez pode ser confirmada por exames de sangue ou testes de urina adquiridos facilmente em farmácias. Embora os percentuais sejam bastante expressivos, são maiores em mulheres mais jovens.
O processo de doação tornou-se uma alternativa importante em relação à adoção tradicional. Em alguns países, inclusive, é chamado de ‘adoção de embriões’.
Além da conexão que naturalmente ocorre entre mães e filhos durante o processo gestacional, diferentes estudos têm apoiado a teoria de que as mães, apesar de não transmitirem seu DNA para os fetos durante a implantação embrionária,
quando o embrião é abrigado e nutrido pelo endométrio até que ocorra a formação da placenta, características da mãe podem alterar como os genes são expressos. Isso é chamado de epigenética.
Diversas moléculas, entre elas as que regulam a expressão genética, são, então, transmitidas para o feto pelo fluído endometrial.
Conheça as regras nacionais para a transferência de embriões
Veja as regras determinadas pelo Conselho federal de medicina para a doação de embriões:
- A mulher receptora da gravidez poderá ter no máximo 50 anos, mas situações especiais podem ser avaliadas individualmente;
- Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa;
- As clínicas, centros ou serviços onde são feitas as doações devem manter, de forma permanente, um registro com dados clínicos de caráter geral, características fenotípicas e uma amostra de material celular dos doadores, de acordo com legislação vigente;
- O número de embriões a serem transferidos não pode ser superior a 4 e é determinado de acordo com a idade da mulher: até 35 anos entre 1 e 2 embriões, de 36 e 39 anos até 3 embriões, com 40 anos ou mais até 4 embriões.