Reversão da laqueadura
Para evitar que os espermatozoides alcancem o óvulo e, consequentemente, a fecundação ocorra, pode ser realizada a laqueadura tubária, um método de esterilização feminina permanente em que as tubas uterinas são cortadas ou bloqueadas.
A reversão da laqueadura, procedimento cirúrgico minimamente invasivo, como o nome indica, possibilita a restauração da fertilidade em alguns casos. Nem sempre a técnica oferece bons resultados, sendo mais recomendadas as técnicas de reprodução assistida, como a FIV (fertilização in vitro).
Embora a laqueadura seja considerada um método contraceptivo permanente, atualmente pode ser revertida com sucesso em boa parte dos casos, principalmente em mulheres com até 35 anos submetidas a cirurgias de esterilização menos invasivas.
Este texto explica o funcionamento da reversão da laqueadura, destacando os casos em que a cirurgia é indicada, as taxas de sucesso e possíveis riscos.
Como a reversão da laqueadura é realizada?
A reversão da laqueadura é principalmente indicada para mulheres mais jovens: as taxas de gravidez bem-sucedida no futuro após o procedimento são mais altas na faixa etária até 35 anos e progressivamente diminuem.
Também estão associadas ao tipo de esterilização. As chances são maiores quando a cirurgia foi realizada com a utilização de clipes tubários e anéis ou nos casos em que apenas uma pequena porção das tubas uterinas foi removida. Porém, há casos em que o procedimento é considerado irreversível, como, por exemplo, quando foram retiradas as duas tubas.
A cirurgia para reversão da laqueadura prevê a remoção das peças utilizadas para bloquear as tubas uterinas, clipes ou anéis, ou a reparação e reconexão das partes, nos casos em que foram cortadas.
Normalmente é realizada por videolaparoscopia. Minimamente invasiva, prevê pequenas incisões de cerca de 5 cm, pelas quais é inserido o laparoscópio, tubo ótico com uma câmera acoplada, que permite a iluminação ideal e uma visão detalhada do espaço operacional.
Imagens de alta resolução são transmitidas para um monitor, possibilitando o acompanhamento em tempo real pelo especialista. Os segmentos bloqueados ou cortados são reconectados ao restante das tubas por pequenas suturas realizadas com fio absorvível.
A reconstituição possibilita que os espermatozoides voltem a alcançar o óvulo para fecundá-lo.
As atividades normais, incluindo as sexuais, podem ser retomadas em duas semanas. Posteriormente devem ser realizadas periodicamente consultas ao especialista e exames de imagem para acompanhar a evolução do processo.
Nos casos em que a fertilidade não é restaurada ou para mulheres que não podem realizar a cirurgia é indicada a FIV.
Na FIV, óvulos e espermatozoides são fertilizados em laboratório pelo método clássico, quando a fecundação ocorre de forma natural, em placas de cultura, ou pela FIV com ICSI, em que cada espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.
A FIV com ICSI tem sido o método mais utilizado, principalmente para homens com fatores graves de infertilidade, por proporcionar maiores chances de fecundação dos óvulos com um número reduzido de gametas.
Além disso, a FIV é considerada a principal técnica de reprodução assistida, com percentuais de gravidez bem-sucedida por ciclo de realização bastante altos.
Quais riscos a reversão da laqueadura provoca?
Um procedimento seguro e minimamente invasivo, a reversão da laqueadura raramente provoca complicações. Os principais riscos são a possibilidade de gravidez ectópica, quando o embrião se implanta em uma das tubas uterinas em vez do útero, e de ocorrer lesões nos órgãos próximos.
Também pode provocar infecção, nesse caso sinalizada por sangramento, corrimento com odor forte, febre alta e calafrios, que indicam a necessidade de procurar auxílio médico.
O processo infeccioso, comum a procedimentos cirúrgicos, entretanto, geralmente é evitado com a administração de antibióticos antes e durante a cirurgia para a reversão da laqueadura.
Cada caso é avaliado individualmente e a decisão de qual caminho, reversão da laqueadura ou FIV, deve ser tomada em conjunto entre o médico e a paciente.