Inseminação artificial
Inseminação artificial (IA) é uma técnica de reprodução assistida que prevê o depósito dos espermatozoides diretamente no útero para que a fecundação ocorra de forma natural.
É um procedimento bastante simples, considerado de baixa complexidade, conhecido também como inseminação intrauterina (IIU). É indicado para mulheres com problemas de ovulação, endometriose nos estágios iniciais e homens com pequenas alterações nos espermatozoides.
Com a ampliação das regras do Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão que regulamenta a reprodução assistida no Brasil, a técnica também passou a ser extensiva a casais homoafetivos femininos e mulheres que desejam uma gravidez independente, mesmo que não tenham problemas de fertilidade.
Neste texto, será apresentado como funciona o tratamento por inseminação artificial, em quais casos é indicado e os possíveis riscos relacionados a ele.
Principais indicações do tratamento por inseminação artificial (IA)
A IA é indicada principalmente para mulheres com até 35 anos com distúrbios de ovulação, considerados a causa mais comum de infertilidade feminina. Eles geralmente resultam de desequilíbrios hormonais, causados por diferentes condições.
Os desequilíbrios hormonais têm como principal característica irregularidades menstruais, como variações entre ciclos menstruais mais longos ou curtos, períodos com maior ou menor intensidade de fluxo menstrual ou ausência de menstruação (amenorreia).
A técnica pode ser utilizada também por mulheres com endometriose nos estágios iniciais e quando a infertilidade é diagnosticada como sem causa aparente (ISCA), assim definida quando os exames falharam em identificar a causa da infertilidade.
Outra possível indicação é quando cirurgias causaram cicatrizes no colo uterino, dificultando a entrada do espermatozoide, e se houver alterações no muco cervical, que facilitam o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas no período fértil para que ocorra a fecundação.
Nos casos em que os gametas do parceiro apresentam pequenas alterações na morfologia e motilidade, características importantes para que a fecundação seja bem-sucedida, também é possível realizar o tratamento com a utilização da técnica, uma vez que ela possibilita a seleção dos mais saudáveis por métodos de preparo seminal.
Finalmente, a IA pode ser indicada para casais que não consigam realizar a relação sexual programada (RSP) por qualquer motivo.
Saiba como a inseminação artificial funciona
A primeira etapa do tratamento é a estimulação ovariana. O procedimento é realizado com a utilização de medicamentos hormonais e tem como objetivo estimular o desenvolvimento e amadurecimento de pelo menos um folículo, nos casos de anovulação. Quando ocorre o crescimento de dois a três folículos, acontece um aumento nas chances de fecundação.
No ciclo natural, por exemplo, ainda que vários folículos cresçam, apenas um se desenvolve, amadurece, rompe e ovula. Na inseminação artificial, os ciclos são minimamente estimulados, ou seja, os medicamentos geralmente são administrados em baixas doses para obter até três óvulos, aumentando as chances de fecundação.
Para acompanhar o desenvolvimento dos folículos, periodicamente são realizados exames de ultrassonografia. Eles permitem determinar o momento exato que eles atingem o tamanho ideal para que sejam induzidos à maturação final, também realizada por medicamentos hormonais.
No mesmo dia da ovulação é feita a coleta do sêmen, que é preparado em um laboratório especializado. Os espermatozoides com melhor motilidade e morfologia são então selecionados por técnicas de preparo seminal.
Casais homoafetivos femininos podem realizar o tratamento com a utilização de espermatozoides de doadores. A doação de espermatozoides é ainda uma opção importante quando não é possível realizá-lo com gametas próprios.
O doador é selecionado de acordo com as características biológicas do casal, no entanto, o CFM determina que o receptor não pode conhecer a identidade do doador e vice-versa. Ou seja, não podem ser familiares ou pessoas próximas.
Após a seleção dos melhores espermatozoides, para realizar a inseminação eles são introduzidos em um cateter e depositados no útero durante o período de ovulação. O procedimento é bastante simples. Geralmente acontece nas clínicas de reprodução assistida com a mulher apenas sob sedação e não requer nenhum tipo de repouso: é possível retornar às atividades normais no mesmo dia.
Cerca de 14 dias depois é possível confirmar se a gravidez foi bem-sucedida. O tratamento proporciona boas taxas de gravidez e pode ser realizado por até três ciclos. Depois disso, indica-se a FIV.
Apesar de ser mais complexa, uma vez que a fecundação ocorre em laboratório, a FIV é considerada a principal técnica de reprodução assistida, com os melhores índices de gestação, além de reunir um conjunto de técnicas complementares que possibilita a solução de diferentes problemas que inibem o desenvolvimento da gravidez.
A inseminação artificial provoca algum risco?
A inseminação artificial é considerada um procedimento de baixo risco, porém, raramente, pode causar algumas complicações:
- Infecções: em alguns casos, a introdução do cateter pode estimular um processo infeccioso e sangramento em pequenos volumes. O problema, entretanto, é facilmente resolvido e não afeta o desenvolvimento da gravidez;
- Gestação gemelar: como o procedimento estimula o desenvolvimento e amadurecimento de mais folículos, aumenta, da mesma forma, as chances de gestação gemelar, potencialmente mais perigosa para a mãe e para o feto quando comparada com a gestação única.
- Síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO): em resposta ao uso de medicamentos hormonais, os ovários podem produzir mais hormônios, causando alterações metabólicas e problemas mais graves, como a trombose venosa profunda (TVP), principalmente nas pernas, ou mesmo a perda de gravidez. No entanto, a condição, além de ser bastante rara, é atualmente controlada pelo acompanhamento clínico e laboratorial.