Como descobrir se sou infértil?
Embora a infertilidade seja definida como a tentativa malsucedida de engravidar após um ano de relações sexuais desprotegidas, alguns sintomas também indicam o problema.
Mais comuns do que muitas mulheres imaginam, os problemas de fertilidade afetam milhares de homens e mulheres no mundo todo, uma vez que a infertilidade de um casal pode ser igualmente provocada por fatores masculinos e femininos, que resultam de diferentes causas.
Apesar da alta incidência, a maioria dos casos, no entanto, tem tratamento. Atualmente, as técnicas de reprodução assistida são a indicação padrão e possibilitam a solução de problemas simples e complexos.
Entenda mais sobre a infertilidade neste artigo. Ele destaca os sintomas que podem sugerir alterações na fertilidade, as causas femininas e masculinas e métodos diagnósticos, além de explicar o funcionamento e indicação das técnicas de reprodução assistida (TRA).
Conheça os principais sintomas de infertilidade feminina e masculina
Existem diversas causas de infertilidade e podemos procurar alguns sintomas que explicam a causa da dificuldade para engravidar. Os principais sintomas associados à infertilidade feminina incluem irregularidades menstruais, como ciclos mais longos ou curtos, com maior ou menor quantidade de fluxo menstrual ou ausência de menstruação.
Cólicas severas durante os períodos menstruais também são bastante comuns, ao mesmo tempo que pode haver dor durante as relações sexuais ou mesmo a diminuição do desejo sexual.
Sintomas como o crescimento de pelos escuros em locais tipicamente masculinos, alterações na pele, queda de cabelo e ganho de peso repentino também podem estar associados à infertilidade feminina.
Mesmo sendo assintomática na maioria dos casos, a infertilidade masculina também pode ser percebida a partir da manifestação de alguns sintomas, entre eles estão a disfunção erétil, dificuldades para ejacular ou pequenos volumes ejaculados, dor, inchaço ou presença de nódulos nos testículos, diminuição dos pelos faciais e corporais, infecções respiratórias que ocorrem de forma recorrente e incapacidade de sentir aromas.
Se houver a manifestação de qualquer sintoma, é importante procurar um especialista para identificar a causa do problema.
Principais causas de infertilidade feminina e masculina
A infertilidade feminina pode ser causada por distúrbios de ovulação ou alterações nos órgãos do sistema reprodutor provocadas por diferentes condições. Os distúrbios de ovulação são uma das causas mais comuns e podem resultar de diferentes condições.
A principal, entretanto, é a síndrome dos ovários policísticos (SOP).
Outras patologias femininas, como pólipos endometriais, miomas uterinos e endometriose, também causam alterações hormonais e, consequentemente, distúrbios na ovulação, ao mesmo tempo que comprometem a receptividade endometrial e a implantação do embrião.
Da mesma forma, em alguns casos, tendem ainda a causar alterações na anatomia uterina, comprometendo o desenvolvimento da gravidez. Anormalidades podem ainda ser congênitas.
Já o tecido endometrial ectópico característico da endometriose, aderências provocadas por infecções ou que surgem em decorrência de cirurgias, podem ocasionar o bloqueio das tubas uterinas, inibindo o processo de fecundação.
Entre as doenças infecciosas, as infecções sexualmente transmissíveis (IST) representam um risco bastante alto, principalmente por provocarem o desenvolvimento da doença inflamatória pélvica (DIP), uma das principais causas de infertilidade por obstrução tubária.
Já a infertilidade masculina, mesmo que também possa ser causada por disfunção sexual, geralmente resulta de problemas nos gametas masculinos, desde a produção à morfologia e motilidade ou mesmo obstruções que impedem o transporte deles e o encontro com o óvulo.
A principal causa de infertilidade masculina, por exemplo, é a ausência de espermatozoides no fluido seminal, condição conhecida como azoospermia, que pode ser obstrutiva e não obstrutiva.
Na azoospermia obstrutiva, ocorrem obstruções nos epidídimos ou dutos deferentes por diferentes causas. Nesse caso, os espermatozoides não se unem ao líquido seminal antes da ejaculação, impedindo a gravidez.
Já danos nos testículos podem interferir na produção dos gametas masculinos – caracterizando a azoospermia não obstrutiva. Da mesma forma, algumas alterações hormonais podem provocar a diminuição da testosterona e, assim, redução na produção de espermatozoides.
Em ambos os casos, distúrbios genéticos, inclusive anormalidades cromossômicas herdadas ou adquiridas com o avanço da idade, também representam risco.
Como a infertilidade é diagnosticada?
Diferentes exames são realizados para confirmar a infertilidade, identificar a causa e definir o tratamento.
O teste de reserva ovariana possibilita a determinação da quantidade e qualidade dos gametas femininos, enquanto o espermograma avalia os mesmos parâmetros nos gametas masculinos, além da motilidade, a concentração e morfologia dos espermatozoides.
Testes hormonais são realizados em ambos os casos para determinar os níveis de hormônios envolvidos no processo reprodutivo.
A avaliação dos aparelhos reprodutores feminino e masculino é feita por exames de imagem. Nas mulheres, a mais comumente realizada é a ultrassonografia transvaginal. Em alguns casos, pode-se utilizar também a ressonância magnética (RM) e a histeroscopia.
Já nos homens, os testículos podem ser avaliados, quando indicado, por ultrassonografia direcionada para a região.
Também em ambos os casos, pode-se utilizar teste de cariótipo para detectar anormalidades cromossômicas que possam interferir na fertilidade.
Se os exames não conseguirem diagnosticar a causa, entretanto, o problema é classificado com infertilidade sem causa aparente (ISCA).
Saiba como o tratamento para infertilidade é realizado
Consideradas como tratamento padrão para infertilidade feminina e masculina, as técnicas de reprodução assistida são indicadas a partir dos resultados diagnósticos.
As três principais são a relação sexual programada (RSP), a inseminação intrauterina (IIU) e a fertilização in vitro (FIV).
As duas primeiras são consideradas de baixa complexidade, pois a fecundação ocorre naturalmente, nas tubas, enquanto a FIV é de alta complexidade, uma vez que o processo de fecundação é realizado em laboratório com o auxílio de um instrumento chamado micromanipulador de gametas.
A relação sexual programada (RSP), também chamada coito programado, e a inseminação intrauterina, conhecida ainda como inseminação artificial (IA), são indicadas, em geral, para mulheres com até 35 anos, quando há disfunção na ovulação, endometriose mínima ou leve e nos casos em que a infertilidade é classificada como sem causa aparente (ISCA) – em alguns casos.
Na relação sexual programada, entretanto, as tubas uterinas e os espermatozoides devem estar saudáveis.
Já na inseminação intrauterina, o tratamento pode ser feito também se houver pequenas alterações nos gametas masculinos, pois os mais saudáveis podem ser selecionados por técnicas de preparo seminal e posteriormente transferidos para o útero durante o período fértil.
A FIV é indicada principalmente para infertilidade provocada por fatores mais graves.
É adequada para mulheres em idade mais avançada ou quando a infertilidade é causada por obstruções nas tubas uterinas; para homens, quando há problemas na produção dos gametas masculinos e alterações mais significativas na qualidade (morfologia e motilidade).
Diferentes técnicas complementares à FIV permitem ainda superar vários problemas, como a análise das células embrionárias para selecionar os embriões mais saudáveis antes da transferência para o útero, quando há infertilidade por fatores genéticos ou a definição do melhor momento de receptividade endometrial para a transferência dos embriões.
Na FIV, quando não há presença de espermatozoides no sêmen ejaculado, eles podem ainda ser recuperados do epidídimo ou testículos por métodos cirúrgicos.
Além disso, o tratamento principal, realizado na maioria dos casos por FIV com ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), possibilita ainda a seleção individual de cada espermatozoide com a utilização de um microscópio especial de alta potência.
Acoplado a ele, um aparelho de grande precisão chamado micromanipulador de gametas proporciona a injeção de cada gameta previamente selecionado diretamente no óvulo, aumentando ainda mais o número de óvulos fecundados e de embriões formados, e, naturalmente, as chances de fecundação e de a gravidez ser bem-sucedida.
Embora as taxas de gravidez sejam bastante significativas no tratamento com as técnicas de menor complexidade, na FIV o acompanhamento de todo o processo de fertilização, formação e cultivo dos embriões, assim como solução de diferentes problemas que podem interferir no desenvolvimento da gravidez, a tornam o tratamento de reprodução assistida que apresenta as taxas mais expressivas de sucesso.