Transferência de embriões congelados
O congelamento de todos os embriões formados em um ciclo de tratamento para serem transferidos apenas no seguinte tornou-se uma prática comum nos tratamentos por FIV (fertilização in vitro). A técnica recebeu o nome em inglês freeze-all e possibilitou a solução de diferentes problemas que podem dificultar o desenvolvimento da gravidez.
Foi incentivada pelo avanço dos métodos de congelamento, que atualmente registram danos mínimos nos embriões criopreservados, ao mesmo tempo que as taxas de sobrevida são bastante altas.
A transferência de embrião congelado contribuiu, por exemplo, para minimizar as falhas de implantação do embrião, um dos fatores que podem levar ao insucesso da FIV.
Este texto explica o funcionamento da transferência de embriões congelados na FIV, destacando os principais benefícios que o procedimento proporciona.
Saiba como a transferência de embriões congelados funciona
Para serem formados embriões saudáveis, óvulos e espermatozoides de qualidade são previamente selecionados. A coleta dos gametas é feita simultaneamente.
A FIV inicia com a estimulação ovariana, procedimento realizado com medicamentos hormonais para estimular o desenvolvimento de mais folículos, não de apenas um, como ocorre a cada ciclo menstrual. Dessa forma, garante uma quantidade maior de óvulos maduros para a fecundação.
Exames de ultrassonografia transvaginal são realizados para monitorar o desenvolvimento dos folículos e indicam o momento ideal para ser realizada a indução da maturação final e ovulação, também pela administração de medicamentos hormonais.
A ovulação ocorre em 35 horas. Os folículos maduros são coletados por punção e os óvulos são retirados de seu interior em laboratório.
Simultaneamente à punção, é feita a coleta de sêmen por masturbação em recipientes fabricados para tal fim na própria clínica de reprodução assistida. Os gametas com melhor motilidade e morfologia são selecionados pelo preparo seminal, técnica fundamental para aumenta as chances de fecundação.
Após a coleta, os óvulos e os espermatozoides são fecundados, processo do qual resultam os embriões, que são cultivados em laboratório até serem transferidos ao útero, em que podem se implantar para iniciar a gestação.
Para selecionar os embriões mais saudáveis, antes do processo de congelamento, as células embrionárias podem ser analisadas pelo teste genético pré-implantacional (PGT).
Ele possibilita o rastreio de doenças genéticas e anormalidades cromossômicas, assegurando que apenas embriões livres de doenças sejam congelados, para serem transferidos no próximo ciclo de tratamento.
Entre os benefícios proporcionados pela transferência de embriões congelados está a diminuição dos efeitos de medicamentos hormonais na receptividade endometrial, resultando em taxas mais baixas de falhas na implantação e, consequentemente, mais altas de sucesso gestacional. Porém, esta evidência científica não está 100% estabelecida, por isso a decisão de realizar o congelamento de todos os embriões deve ser amplamente debatida entre o médico e o casal.
No ciclo posterior, os embriões são descongelados e transferidos para o útero materno. O processo de transferência é bastante simples, realizado na clínica de reprodução assistida: os embriões são inseridos em um cateter e depositados no útero com o auxílio de um ultrassom, sem necessidade de anestesia.
Diferentes estudos indicam que as taxas de gravidez proporcionadas pela transferência de embriões congelados são mais altas quando comparadas às de embriões frescos, já consideradas bastante expressivas.
Os embriões que não forem transferidos podem permanecer congelados por tempo indeterminado, mas no mínimo três anos. Nos casos em que não são utilizados, podem ser doados ou descartados, dependendo da vontade do casal.
Outra técnica complementar à FIV, a doação de gametas e embriões é importante para pessoas com problemas de fertilidade, para que casais homoafetivos possam concretizar os planos de ter filhos ou para quem deseja uma gravidez independente.
Porém, para ser beneficiado pela técnica, é preciso observar as regras estabelecidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), órgão responsável por regulamentar a reprodução assistida.
As regras nacionais determinam, por exemplo, que a doação não pode ter caráter lucrativo ou comercial. Doadores também não podem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa. Ou seja, a doação deve ser voluntária e anônima.