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Tratamento de Infertilidade e sofrimento masculino

Tratamento de Infertilidade e sofrimento masculino

O tratamento da infertilidade é hoje uma das poucas áreas médicas que se concentra quase que exclusivamente na experiência e nas necessidades das mulheres. Afinal, as mulheres carregam o peso físico e emocional dos tratamentos hormonais, dos procedimentos cirúrgicos e, claro, da gestação em si.

No entanto, há uma crescente conscientização de que os homens também sofrem com os altos e baixos emocionais dos tratamentos de infertilidade. E isso inclui o aumento do número de casais homoafetivos masculinos que procura  ajuda para constituir famílias.

Os homens também sofrem com a perda da gravidez e as tentativas fracassadas de fertilização in vitro, lidam com o estresse financeiro do alto custo dos tratamentos e lutam com sentimentos de fracasso e decepção, especialmente se for detectado um fator masculino.

Mesmo assim, é fácil para os homens serem esquecidos ou minimizados nesse processo. Por natureza, os homens são espectadores dos tratamentos de infertilidade visto que  “seu papel” em engravidar suas parceiras foi transferido do quarto para o laboratório.

O fardo emocional masculino

Não são apenas os especialistas em Reprodução Assistida que ignoram os homens nesse processo.  Os pesquisadores também não lhes deram muita atenção nos últimos 45 anos. Existem poucos estudos focados em como os homens se comportam emocionalmente durante o tratamento de infertilidade.

Mas a pesquisa existente sugere que os homens também sofrem: um estudo, publicado na revista Fertility and Sterility, descobriu que enquanto 39% das mulheres sofriam de depressão durante um período de 18 meses, período de tratamento de infertilidade, o mesmo acontecia com pelo menos 15% de seus parceiros do sexo masculino.

Homens que foram diagnosticados com infertilidade – eles representam metade dos casos – se saíram ainda pior psicologicamente. Um estudo  com 274 homens inférteis em tratamento descobriu que 32 foram diagnosticados com depressão e que mais de 60% preenchiam os critérios clínicos para ansiedade. Apenas 11% receberam aconselhamento psicológico e menos de um quarto foi informado sobre a existência de serviços de saúde mental em suas clínicas de fertilidade.

Um pesquisador britânico, que entrevistou 15 homens sobre sua infertilidade, descobriu que eles a vivenciavam como uma “condição mental, física e socialmente desgastante”. Eles falaram que ficaram chocados quando souberam de seus diagnósticos, sentiram vergonha e constrangimento e se consideravam “menos homens” porque não conseguiram engravidar suas parceiras.

“O que descobri, nos meus anos de prática na Reprodução Assistida,  é que os homens não costumam falar sobre isso. Ainda há muito tabu e estigma em torno da infertilidade masculina. Eles usualmente estão isolados durante o tratamento. E já estiveram completamente à margem das decisões em muitas etapas do tratamento anteriormente”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre.

Médicos estão sendo incentivados a envolver homens

Há sinais de que o campo da Reprodução Assistida está mudando aos poucos.   A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva recentemente promoveu vários seminários sobre perda de gravidez e infertilidade masculina que encorajavam os médicos a considerar as experiências emocionais dos homens.

“É um progresso lento. A maior parte das discussões, trabalhos científicos e iniciativas educacionais ainda são voltadas para as mulheres. Mas precisamos avançar nesse sentido também”, defende o médico.

Em um artigo sobre a falta de aconselhamento para o “parceiro masculino esquecido”,  a entidade americana pede aos médicos que compartilhem recursos educacionais com homens adaptados às suas necessidades.

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