Sangramento Uterino Anormal pode indicar infertilidade?
Sangramentos uterinos sempre levantam dúvidas, ainda mais no caso da mulher, que passa por isso a cada ciclo menstrual. É comum as mulheres me perguntarem sobre quando considerar um sangramento anormal e realmente não é simples, mas vou tentar ajudar com este texto.
O aparelho reprodutor feminino tem um funcionamento complexo e, portanto, quando algo não vai bem, isso pode ser indicado pelos mais diversos sinais. Entre eles está o sangramento uterino anormal.
Toda mulher em idade fértil – ou seja, da puberdade até por volta dos 50 anos de idade – está acostumada a ter um sangramento no início de cada ciclo menstrual.
Porém, quando há algum tipo de anormalidade nesse sangramento, como um fluxo muito intenso, sua ausência, irregularidade ou sangramento entre as menstruações, isso pode indicar que há algo de errado com o aparelho reprodutor feminino e, portanto, com a fertilidade da mulher.
Neste artigo vou falar sobre o sangramento uterino anormal e sobre sua relação com a infertilidade feminina. Continue a leitura para saber mais.
Sangramento menstrual
O início de cada ciclo menstrual é marcado pelo primeiro dia da menstruação. A partir desse momento, e por cerca de três a seis dias, a mulher terá um sangramento uterino, provocado pela descamação da superfície do endométrio (camada mucosa que reveste o útero por dentro).
Isso ocorre porque, no ciclo anterior, o endométrio se tornou mais espesso, se preparando para receber um embrião. A fecundação e implantação do embrião, no entanto, não ocorreram, por isso o endométrio descama e dá início a um novo ciclo, que terá a duração média de 28 dias.
Características do sangramento uterino anormal
O sangramento uterino anormal ocorre quando há alteração na quantidade, duração ou frequência no sangramento:
- Quantidade: fluxo menstrual muito intenso;
- Duração: menstruação mais longa do que o habitual, normalmente por mais de sete dias;
- Frequência: quando a menstruação ocorre em um intervalo menor do que 21 ou maior do que 35 dias. O sangramento uterino anormal também pode ocorrer a qualquer momento entre as menstruações.
A fertilidade não é o único aspecto da vida da mulher que pode ser afetado pelo sangramento uterino anormal. O problema pode interferir também em aspectos emocionais, sexuais e profissionais, causando prejuízo à qualidade de vida.
Causas do sangramento uterino anormal
De acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Figo), o sangramento uterino anormal pode ser causado por problemas estruturais ou não estruturais, conforme abaixo:
Causas estruturais
- Pólipos – formações benignas desenvolvidas a partir do tecido de algum órgão, a exemplo do endométrio, nos pólipos endometriais;
- Adenomiose – desenvolvimento de células semelhantes às no endométrio no miométrio (camada intermediária do útero);
- Leiomiomas (miomas uterinos) – tumores benignos formados a partir do tecido muscular liso da parede uterina;
- Lesões malignas – câncer.
Causas não estruturais:
- Coagulopatia – disfunção na coagulação sanguínea;
- Ovulatória – distúrbios relacionados à ovulação;
- Endometrial – problemas do endométrio;
- Iatrogênica – efeitos adversos de tratamento médico;
- Não classificada.
Relação do sangramento uterino anormal e a infertilidade
De acordo com o fator causador do sangramento uterino anormal, ele pode, sim, indicar infertilidade feminina. As causas estruturais, como pólipos e miomas, tendem a provocar alterações anatômicas na parede uterina, que capazes de dificultar tanto a implantação quanto o transporte dos espermatozoides até o útero.
Já entre as causas não estruturais, as disfunções ovulatórias, por exemplo, podem fazer com que a mulher não ovule e, consequentemente, não menstrue ou tenha ciclos irregulares.
Tratamentos e técnicas de reprodução assistida
O tratamento mais indicado para sangramento uterino anormal também depende da causa do problema, bem como do desejo da mulher de engravidar.
As causas estruturais, de acordo com o caso, podem ser tratadas com medicamentos ou cirurgia para retirada de pólipos, miomas ou mesmo tumores. Quando a mulher não tem a intenção de ser mãe, de acordo com a gravidade do problema e resposta anterior ao tratamento clínico ou procedimentos cirúrgicos menores, pode ser indicada até mesmo a histerectomia (remoção do útero).
As causas não estruturais, também dependendo da avaliação médica específica, podem ser tratadas com hormônios, incluindo anticoncepcionais orais. Essa, no entanto, não é uma alternativa para mulheres que buscam uma gestação.
Nos casos em que o casal tenha o desejo de engravidar, mas os tratamentos medicamentosos e/ou cirúrgicos não foram capazes de restaurar a fertilidade da mulher, é possível recorrer às técnicas de reprodução assistida.
De acordo com o caso e fatores como a idade da mulher e o tempo de infertilidade, podem ser indicadas diferentes técnicas. As de baixa complexidade – relação sexual programada (RSP) ou inseminação artificial (IA) – são recomendadas normalmente para mulheres mais jovens e com problemas mais leves.
Nelas, a fertilização ocorre no interior do corpo feminino e, portanto, são menos invasivas. No entanto, sugere-se que essas técnicas mais simples devam ser realizadas no máximo três vezes e, se não houver sucesso, a indicação costuma ser a de tentar a fertilização in vitro (FIV).
Em uma FIV, técnica de reprodução assistida mais complexa e avançada da atualidade, a fecundação ocorre em laboratório, portanto é necessária a retirada dos óvulos dos ovários. No entanto, as taxas de sucesso são mais altas. Ela é normalmente indicada para mulheres com mais de 35 anos e casais com muito tempo de infertilidade.
O sangramento uterino anormal é um importante indicador de infertilidade feminina, porém existem outros sintomas, acompanhados ou não de alterações no sangramento, que também podem sugerir algum tipo de problema com a saúde reprodutiva da mulher. Toque aqui para saber mais sobre as causas, sintomas e tratamentos da infertilidade feminina.