Problemas de Infertilidade são subdiagnosticados
Uma em cada oito mulheres e um em cada dez homens tem problemas de infertilidade, mas quase metade dessas pessoas não procura ajuda médica para o problema, aponta um estudo realizado com mais de 15.000 mulheres e homens, na Grã-Bretanha, publicado na Human Reproduction.
O estudo constatou que, daqueles que relataram ter passado por problemas para engravidar, 42,7% das mulheres e 46,8% dos homens não procuraram ajuda médica. Aqueles que procuraram ajuda tiveram maior probabilidade de ter qualificações educacionais mais altas e melhores empregos em comparação com aqueles que não procuraram ajuda.
“O dado que mais surpreende neste estudo é o fato de que quase metade dos participantes com problemas de fertilidade não procurou ajuda médica”, afirma Alexandre Lobel, especialista em Reprodução Assistida, diretor da Clínica Venvitre.
Entenda melhor o estudo
Ao todo, os pesquisadores analisaram dados de 15.162 mulheres e homens, com idades entre 16 e 74 anos, que participaram da terceira Pesquisa Nacional Britânica de Atitudes Sexuais e Estilos de Vida (Natsal-3), entre 2010 e 2012.
Eles descobriram que a prevalência de infertilidade era mais alta entre mulheres de 35 a 44 anos e entre homens de 35 a 54 anos. Mais de um terço das mulheres que se tornaram mães com 35 anos ou mais experimentou um período de infertilidade em comparação com menos de uma em cada dez mulheres que tiveram seu primeiro filho antes dos 25 anos.
“A infertilidade foi mais provável de ser vivenciada por pessoas que se casaram ou moravam juntas no momento em que foram entrevistadas para o estudo, provavelmente refletindo o fato de que aqueles em relacionamentos estáveis são mais propensos a tentar engravidar e, portanto, tomar conhecimento de problemas de fertilidade”, destaca o diretor da Clínica Venvitre.
A experiência de infertilidade foi mais comum entre pessoas com status socioeconômico mais alto, incluindo mulheres com diploma universitário e mulheres e homens em emprego gerencial, profissional ou técnico. Uma das descobertas importantes e preocupantes do estudo é a diferença no nível educacional e no status do trabalho entre as pessoas que buscaram ajuda para infertilidade e as que não o fizeram.
Com base em descobertas de outros estudos, os pesquisadores sugerem que possíveis razões para as desigualdades entre aqueles que procuraram e não procuraram ajuda para infertilidade incluem não entender ou não reconhecer que existe um problema, medo de ser rotulado como infértil, preocupações com o custo do tratamento, o fardo físico e psicológico do tratamento ou simplesmente não querer engravidar.
Saúde mental
“O estudo também descobriu que mulheres com 50 anos ou menos que tinham problemas de infertilidade tinham maior probabilidade de apresentar sintomas de depressão e sentir insatisfação com sua vida sexual do que aquelas que não tiveram o problema. Essas associações não foram observadas nos homens”, afirma Alexandre Lobel.
Pesquisas anteriores já apontaram associações entre o tratamento para infertilidade e insatisfação sexual. Neste estudo, sintomas de depressão ocorreram nas duas semanas, antes da entrevista com os pesquisadores e a insatisfação sexual, no ano anterior, à entrevista. São necessários mais estudos sobre o impacto, a longo prazo, da infertilidade no bem-estar de mulheres e homens.