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Endometriose como diagnosticar?

Endometriose como diagnosticar?

Você conhece a doença ginecológica chamada endometriose e os exames utilizados para detectá-la?

Essa é uma alteração que merece muita atenção dos ginecologistas e das pacientes, mas antes de falar da doença precisamos entender o que é o endométrio.

O útero é revestido por um tipo de tecido que, por ação hormonal, tem sua espessura aumentada – o endométrio. Esse tecido é onde o óvulo se instala para que possa ser fecundado pelo espermatozoide e, então, permitir o início de uma gestação. De forma geral, as mulheres têm o endométrio expelido do corpo ao final do ciclo menstrual se não houver fecundação.

Chamamos de endometriose a doença quando acontece o desenvolvimento deste tecido fora do útero. Uma das teorias que explicaria esse fenômeno é que as células do endométrio em vez de serem expelidas, migram para fora do útero através das tubas e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar.

Isto gera um processo inflamatório que, muito além da dor intensa, pode ter repercussões leves até severas, interferindo drasticamente na qualidade de vida. Além disso, cerca de 30 a 50% das mulheres diagnosticadas com endometriose podem apresentar alguma dificuldade para engravidar, uma vez que a inflamação acaba gerando mudanças anatômicas que impedem o pleno funcionamento das tubas e pode afetar a qualidade do óvulo e do espermatozoide.

A endometriose tem três apresentações: peritoneal ou superficial, ovariana e profunda. Peritoneal é definida quando as lesões têm menos de 5 mm de espessura, ovariana é quando se localiza no ovário e profunda quando as lesões têm mais de 5 mm.

O diagnóstico clínico inicia-se a partir de uma anamnese bem detalhada. Diante da suspeita, o exame ginecológico (toque vaginal) é o primeiro passo na investigação, pois permite ao médico perceber o útero fixo, o aumento dos ovários, nódulos dolorosos, entre outras alterações. Os próximos passos serão exames laboratoriais e de imagem, como por exemplo:

  • Ultrassonografia pélvica e transvaginal com preparo intestinal. Esse exame é muito útil também no diagnóstico da endometriose ovariana, mas também consegue identificar a endometriose na bexiga, vagina e na parede do reto.
  • Ressonância magnética da pelve, também com preparo intestinal, solicitada quando há suspeita de massas ovarianas que precisam ser melhor avaliadas e na investigação da endometriose profunda, que afeta também o intestino.

Os exames de imagem são eficazes para detectar endometriose ovariana e profunda. No entanto, no caso da endometriose superficial, estes podem acabar não diagnosticando a doença, mesmo que a paciente apresente todos os sintomas, inclusive infertilidade, de modo que um exame negativo não significa que a doença esteja excluída. Vale ressaltar, portanto, a importância de um radiologista experiente para avaliar e laudar os exames. Muitos destes profissionais se localizam na cidade de São Paulo, mas felizmente profissionais de outros estados tem se capacitado para realizar o exame.

Para o diagnóstico preciso, a laparoscopia será a melhor opção. Realizada em um hospital e com anestesia geral, consiste na introdução de uma câmera dentro da cavidade abdominal através de uma pequena incisão feita, na maioria das vezes, um pouco acima ou abaixo do umbigo. Em alguns casos, pode ser solicitada biópsia de tecido coletado para se ter certeza do diagnóstico, no entanto, raramente é necessário.

Apesar da endometriose não ter cura, mulheres mais jovens podem utilizar medicamentos como a pílula anticoncepcional, se não houver desejo reprodutivo. Em outras situações pode ser indicada cirurgia para retirada das lesões e, nos casos de infertilidade, podemos indicar a fertilização in vitro. Ainda, a menopausa e consequente queda na produção de hormônios femininos provoca a regressão da doença.

Muitas vezes, uma abordagem multidisciplinar será necessária para o sucesso do tratamento, envolvendo, por exemplo, proctologista, urologista, nutricionista, psicólogo, entre outras especialidades, de forma que o trabalho em equipe faz diferença e traz segurança para a mulher.

Portanto, se você foi diagnosticada com endometriose, tenha em mente que com os avanços da medicina e um bom suporte especializado, é possível controlar o problema e ter uma vida mais feliz e tranquila.

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