Contagem de Esperma pode estar diminuindo
Nos últimos 50 anos, a contagem de esperma humano parece ter caído mais de 50% em todo o mundo, de acordo com uma metanálise atualizada que acaba de ser publicada no Human Reproduction Update.
Se as descobertas forem confirmadas e o declínio continuar, os fatos podem ter implicações importantes para a reprodução humana. Os pesquisadores dizem que também seria um prenúncio do declínio da saúde dos homens em geral, já que a qualidade do sêmen pode ser um marcador importante da saúde geral.
Vamos aos dados
No geral, os pesquisadores determinaram que a contagem de esperma caiu pouco mais de 1% ao ano, entre 1973 e 2018. O estudo concluiu que, globalmente, a contagem média de esperma caiu 52% até 2018.
Quando os pesquisadores do estudo restringiram a análise a determinados anos, descobriram que o declínio na contagem de esperma parecia estar se acelerando, de uma média de 1,16% ao ano, após 1973, para 2,64% ao ano, após 2020.
Em nível populacional, a contagem média de espermatozoides caiu de 104 milhões para 49 milhões por mililitro de 1973 a 2019.
Além da quantidade, as evidências também apontam uma queda na qualidade dos gametas masculinos: a porcentagem de células aptas a entrar no óvulo vem sofrendo baixas consideráveis nas últimas décadas.
Causas do declínio são desconhecidas
Os autores do estudo dizem que não obtiveram dados suficientes das diferentes regiões para poder dizer se alguns países tinham contagens médias de esperma mais baixas do que outros ou se as contagens de esperma estavam diminuindo mais rapidamente em certas áreas. Dados de 53 países foram incluídos na revisão no final.
Os autores também não analisaram o que poderia estar causando esse declínio, o que deve ainda ser estudado. Em outra pesquisa, os mesmos pesquisadores identificaram alguns fatores associados a contagens mais baixas de esperma.
“Eles descobriram que os danos à saúde reprodutiva podem começar no útero. O estresse da mãe, o tabagismo materno e especialmente a exposição a produtos químicos sintéticos presentes no plástico, como os ftalatos, prejudicam o desenvolvimento do sistema reprodutor masculino”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre.
O estilo de vida também pode desempenhar um papel importante na quantidade e qualidade do esperma. “Obesidade, falta de atividade física e dietas ricas em alimentos ultraprocessados podem também ser culpados nesse caso. Os mesmos fatores que prejudicam a saúde em geral costumam prejudicar também a qualidade do sêmen”, destaca o médico.