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Adiamento da Maternidade entre cirurgiãs

Adiamento da Maternidade entre cirurgiãs

Que o mercado de trabalho vem mudando muito com a forte presença feminina, já sabemos. Mas agora, começam a surgir pesquisas sobre como as mulheres estão sendo fortemente impactadas em seus desejos reprodutivos pelo mercado de trabalho. Recentemente, tivemos contato com uma nova pesquisa, apresentada durante o encontro anual da Sociedade Americana de Reprodução, que apontava que mais de 80% das médicas relataram o adiamento da maternidade em algum momento de sua carreira devido às demandas  da Medicina.

Para elas, as decisões sobre os investimentos na carreira e as decisões sobre a formação da família estão sempre sendo colocadas em xeque. Um outro estudo destaca, agora, as dificuldades que as cirurgiãs encontram na condução da sua vida profissional. Os pesquisadores encontraram dois aspectos que chamam muita atenção: maior risco de infertilidade e de complicações na gravidez, devido ao  adiamento da maternidade.

A cirurgiã e a infertilidade

A pesquisa mostrou que as cirurgiãs, em comparação com cirurgiões do sexo masculino, tiveram menos filhos biológicos (média de 1,8 vs 2,3), eram mais propensas ao adiamento da gravidez devido ao treinamento cirúrgico (65,0% vs 43,7%) e eram mais propensas a precisar empregar as tecnologias de reprodução assistida (24,9% vs 17,1%).

Os dados revelam um preço bastante alto para aquelas cujas aspirações de ter filhos se sobrepõem ao tempo necessário para o treinamento na carreira cirúrgica. Embora estudos anteriores já tivessem relatado um risco maior de infertilidade e resultados adversos da gravidez entre os médicos, extrapolar esses resultados para os cirurgiões era difícil devido à duração, intensidade e natureza física do treinamento e da prática cirúrgica.

Para chegar a esses resultados, a equipe de pesquisadores conduziu um questionário autoadministrado que foi distribuído eletronicamente e coletada por meio de várias sociedades cirúrgicas, nos EUA, entre cirurgiãs tinham filhos e cirurgiãs que não tinham filhos. As cirurgiãs que viviam um relacionamento homoafetivo foram excluídas do estudo devido à incerteza sobre quem gerou o bebê.

Dados interessantes, que podem ajudar os especialistas em Reprodução Assistida a abordar o planejamento reprodutivo com as cirurgiãs, foram coletados:

  • As cirurgiãs eram, em geral, mais velhas do que seus parceiros não cirurgiões quando tiveram seu primeiro filho (idade média de 33 vs 31) e eram mais propensas a trabalhar mais de 60 horas por semana durante a gravidez (56,6% vs 10,0%);
  • Além disso, 42% das cirurgiãs relataram pelo menos uma perda gestacional, o que, é mais que o dobro da taxa relatada na população geral de mulheres de 30 a 40 anos. Estudos sugerem que o trabalho noturno consistente e trabalhar mais de 40 horas por semana estão associados a riscos maiores de aborto espontâneo;
  • Finalmente, a equipe também descobriu que, em comparação com parceiros não cirurgiões, as cirurgiãs eram mais propensas a ter distúrbios musculoesqueléticos (36,9% vs 18,4%), parto cesáreo não eletivo (25,5% vs 15,3%) e depressão pós-parto (11,1% vs 5,7%).

Lições do estudo para o consultório

“Fica claro que mudar a cultura cirúrgica para apoiar a gravidez é fundamental para reduzir o risco de infertilidade e de complicações graves na gravidez. Mas isso não é fácil nem na cirurgia, nem na medicina, nem em outras áreas profissionais. Vivemos um dilema atual sério hoje: uma grande presença feminina no mercado de trabalho e pouca informação disponível sobre planejamento reprodutivo para essa força de trabalho feminina”, afirma o especialista em Reprodução Assistida, Alexandre Lobel, diretor da Clínica Venvitre.

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