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Congelamento de óvulos

Congelamento de óvulos

Embora o primeiro nascimento com óvulos congelados tenha sido registrado ainda na década de 1980, na ocasião o procedimento era considerado experimental e um recurso utilizado apenas em casos específicos.

Com a evolução dos métodos de congelamento, entretanto, os danos às células criopreservadas atualmente são extremamente baixos, enquanto as taxas de sobrevida, ao contrário, são bastante altas.

Assim, o congelamento de óvulos se tornou uma estratégia importante na FIV (fertilização in vitro), ao mesmo tempo que passou a ser alternativa para preservar a fertilidade feminina em diferentes situações, como, por exemplo, a preservação oncológica ou a social, quando há a intenção de adiar os planos de gravidez.

Este texto explica o funcionamento do congelamento de óvulos nos tratamentos por FIV e destaca os casos em que o procedimento é indicado e os possíveis riscos associados a ele.

Como o congelamento de óvulos funciona?

Para congelar os óvulos, a paciente passa por algumas etapas. O primeiro passo é a realização de exames laboratoriais e de imagem. Os resultados são importantes para orientar na dosagem dos medicamentos utilizados. Os principais são:

  • Avaliação da reserva ovariana: diferentes testes podem ser realizados para avaliar a reserva ovariana, e eles permitem determinar a quantidade e qualidade dos gametas.
  • Testes hormonais: os testes hormonais têm como objetivo avaliar os níveis dos hormônios envolvidos no processo de ovulação.
  • Exames de imagem: exames de imagem, como a ultrassonografia, são realizados para avaliar a estrutura e posição dos ovários.

Posteriormente, o tratamento inicia com a estimulação ovariana, procedimento que utiliza medicamentos sintéticos semelhantes aos naturais para estimular o desenvolvimento de mais folículos maduros, obtendo, dessa forma, uma quantidade maior de óvulos para serem fecundados.

Ultrassonografias são realizas periodicamente para acompanhar o desenvolvimento, assim como exames de sangue para controlar os níveis hormonais.

Quando os folículos atingem o tamanho ideal, são induzidos à maturação final e ovulação por outros medicamentos hormonais. A ovulação ocorre em mais ou menos 35 horas, momento que é realizada a punção folicular para a coleta dos folículos maduros.

O procedimento é realizado na própria clínica de reprodução assistida.

Com a mulher em posição ginecológica e apenas sob sedação, uma agulha acoplada a um dispositivo de pressão negativa e guiada por um aparelho de ultrassom aspira os mais maduros.

A captação acontece em laboratório, quando são selecionados os óvulos de maior qualidade para serem congelados. Se a quantidade não for suficiente, o procedimento pode ser repetido em um próximo ciclo de tratamento.

É normal a manifestação de cólicas, inchaço e pressão nos ovários após o procedimento, sintomas que podem permanecer por alguns dias. A recuperação é de cerca de uma semana, quando as atividades normais podem ser retomadas.

Durante esse período, a relação sexual e atividade física devem ser evitadas.

Para serem congelados, os óvulos são protegidos por soluções crioprotetoras, substâncias que evitam danos às células conforme a temperatura diminui.

A técnica mais utilizada atualmente é a vitrificação, um método ultrarrápido que proporciona uma solidificação semelhante ao vidro, sem a necessidade de aparelhos especiais.

Essas soluções crioprotetoras não permitem a formação de cristais de gelo no interior dos óvulos, que tendem a provocar danos celulares. Além disso, é a técnica que registra os percentuais mais altos de sobrevida após o descongelamento.

As taxas de sucesso de gravidez com gametas congelados são semelhantes às obtidas com a utilização deles frescos: a FIV é a técnica de reprodução assistida que possui os percentuais mais expressivos de gravidez bem-sucedida por ciclo de realização.

Esses óvulos são mantidos até a paciente solicitá-los para ter filhos ou até serem doados.

Quando o congelamento de óvulos é indicado?

Veja os principais casos em que o congelamento de óvulos é indicado:

  • Quando há histórico familiar ou pessoal de insuficiência ovariana prematura, condição em que os sintomas da menopausa se manifestam antes dos 40 anos;
  • Quando há risco de insuficiência ovariana prematura causada por anormalidades cromossômicas;
  • Quando há endometriose grave;
  • Quando cirurgias provocam danos aos ovários;
  • Quando há risco de doenças ovarianas danificarem os óvulos;
  • Quando os ovários precisam ser removidos como consequência de mutações genéticas ou doenças;
  • Quando há necessidade de tratamentos como quimioterapia e ou radioterapia, que podem afetar a fertilidade (preservação oncológica);
  • Quando há intenção de adiar a gravidez (preservação social).

Se o objetivo for a preservação social da fertilidade, geralmente é indicado que a coleta seja realizada até os 35 anos, pois os níveis da reserva ovariana e qualidade dos gametas ainda são altos.

A partir dessa idade, naturalmente diminuem. Não é proibido realizar após esta idade, mas os resultados tendem a piorar.

Quais são os riscos provocados pelo congelamento de óvulos?

Ainda que seja considerado um procedimento de baixo risco, o aumento da produção de hormônios pelos ovários pode levar ao desenvolvimento da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), com consequências como alterações metabólicas ou problemas mais graves, como a trombose venosa profunda (TVP), principalmente nas pernas.

Porém, além de ser rara, atualmente é facilmente evitada.

Em casos muito raros, um processo infeccioso ou sangramento abdominal pode ocorrer após a punção folicular.

Se houver a manifestação de sintomas como sangramento intenso, dor abdominal severa, dificuldades para urinar, ganho de peso repentino, febre alta e calafrios, é importante voltar ao médico.

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